A não ser que te tornes invisível, é mais que certo que serás observado. Que adianta deixares-te perturbar por isso? O mais importante é instalares-te na melhor posição para desenhar o que queres desenhar. Ouve, posso dizer-te repetidas vezes que tornes este esboço mais claro, aquele mais escuro, mas uma descoberta que tu próprio faças vale vinte mil coisas que te forem ensinadas, mesmo que seja uma descoberta que toda a gente fez. Mas, tendo dito isto, uma escola é o melhor lugar para dissecares os teus desenhos, para ultrapassares a monotonia da técnica, como um pianista que pratica perpetuamente as escalas. Não podes simplesmente ir e despachar o assunto?
Esther Freud, A Casa do Mar [2003] (trad. Isabel Alves, Lisboa: Edições ASA, 2010, p. 106)
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