notas culturais, fragmentos do exílio - venturabravo [at] gmail [dot] com

27.10.09

under the volcano



Belíssimo filme de John Huston (1984), adaptação de Under the Volcano (1947), de Malcolm Lowry (recensão crítica [link] do livro por Raquel Costa).

O curioso histórico das intenções de adaptação do célebre romance de Lowry (decerto sintomático da natureza da obra) ao cinema:
O primeiro projecto de argumento teria partido do próprio Lowry (...). Mais tarde foi a vez de um actor, Zachary Scott, de se entusiasmar com a personagem do cônsul Firmin, a ponto de comprar os direitos para a sua adaptação. Estava-se em 1962, mas a morte de Scott em 1965 impediu a sua concretização. os direitos foram então vendidos aos irmãos Hakim que pensaram em Luis Buñuel para dirigir o filme. "Como se pode filmar o que se passa no cérebro de um homem?" era a pergunta que Buñuel colocava quando o interrogaram sobre esse projecto que não concretizaria. De Buñuel passaria para Losey, Ken Russell e Skolimowski que também andaram envolvidos nessas tentativas de adaptação, a que se junram, para o argumento, nomes como Gabriel Garcia marquez e Carlos Fuentes, num totald e cerca de meia centena de projectos abortados. Finalmente os direitos foram comprados por Wieland Schulz-Keil que acabou por entregar a direcção a John Huston, com um argumento que o realizador reveria acompanhado pelo seu autor creditado, o jovem (28 anos) Guy Gallo, autor duma tese universitária sobre Lowry.

(Manuel Cintra Ferreira, in Folhas da Cinemateca, Under the Volcano [1984])
Esta 'odisseia' só poderá despertar interesse tanto pela presente "versão" de Huston como pelo livro. E é justamente Huston, que não era nenhum novato nestas andanças literárias, pois conseguira adaptar Moby Dick (1956 [Melville, 1851]), e de forma fantástica (em múltiplos sentidos) The man who would be king (1975), conto de Kipling (1888), entre outros.

Passou dia 26 (21:30) na Cinemateca. Volta a passar 5ª feira, dia 29, às 19:30. É imperdível, com desempenho extraordinário dos actores (Albert Finney e Jacqueline Bisset [fotograma] maravilhosa, evocativa...), e que deixa uma marca pelo seu desfiar-se e final abrupto: e desse final (trágico) não acreditamos bem, parece uma fantasia, não queremos acreditar: pensava-se que o filme duraria ainda uma hora mais, ficamos em suspenso (com vontade de descobrir o livro - as origens?, as imensas divergências que se presentem entre o cinema e a literatura).

22.10.09

desgraça

Bem-vindo ao vazio cultural, preenchido pelo burburinho constante das banalidades: Gabriela Canavilhas (foto, e direito a link já é muito conceder) será a nova ministra da Cultura do Governo de José Sócrates.

Lembro a sua inócua intervenção no programa Câmara Clara (nesse programa, dedicado aos Açores, vale a pena ouvir António Machado Pires, voz de profundo saber e humildade sobre a cultura e insularidade), em Julho último, onde o discurso delirante é de total exaltação do improvável, e de quem valoriza acima de tudo a superficialidade. Ah, e que Açores são aqueles que saem da verborreica boca de Gabriela? Não os conheço, e para nós não existem (ainda).
Tem um belo currículo. Oxalá seja eu o incompetente.

sexy Dexter (II)


Molly on Dexter. (I)

20.10.09

Futuro.
Fumando um charuto às 3 da manhã (encontrado numa espécie de tubo de ensaio "casamento de Pedro e Inês" - não me lembro de lá ter estado. Quantos anos?), em dia de chuva, na varanda, com um copo de moscatel na mão, vestido da cintura para cima, um tango bajo de Daniel Melingo atravessando a janela, e penso nas conquistas do passado, e no presente demasiado plano, assim como estou (inteiro?) e duvidando da razão.
O futuro é agora.
Temo pela minha sanidade. Talvez lá para Agosto tudo melhore.


[estava aqui ao lado, aberto ao acaso, serviu a ocasião]
E esforçava-me por compreender o que ouvia: que o livre arbítrio da vontade é a causa de praticarmos o mal e o teu recto juízo a de o sofrermos, mas não conseguia compreender essa causa com clareza. E assim, tentando arrancar do abismo o olhar do meu espírito, afundava-me de novo, e muitas vezes tentava e me afundava uma e outra vez. Na verdade, elevava-me para a tua luz tanto o facto de saber que tinha uma vontade como o de saber que vivia. Por isso, quando queria ou não queria alguma coisa, tinha absoluta certeza de que quem queria ou não queria não era outro senão eu. E via, cada vez mais, que aí estava a causa do meu pecado. E aquilo que fazia contra vontade via que era mais padecer do que fazer, e julgava que isso não era culpa, mas castigo, pelo qual, como eu logo confessava, considerando-te justo, era castigado não injustamente.
- Confissões, Santo Agostinho, ed. IN-CM

18.10.09

cinema norte-americano: tendências, 1969

Estreiam em 2009 dois filmes de animação por dois dos mais interessantes (e muito diferentes, para nosso deleite) novos realizadores americanos: The Fantastic Mr. Fox, de Wes Anderson (trailer lá em baixo, ainda sem data de estreia para Portugal), e o já referido Where the wild things are (de Spike Jonze) - neste será mais a fantasia/ fantástico.

Por outro lado continuam em alta (e a tendência será para se manter e até aumentar) as adaptações cinematográficas de banda-desenhada, como é o caso de Surrogates (trailer aqui, evocando temática e visualmente I, Robot e Minority Report, com estreia em Portugal a 29 de Outubro), do realizador do último Terminator (que confesso não ter visto, apesar de ser - será exagerada a palavra, nunca fui dado a paixões que não carnais, e talvez me contradiga - do irrepreensível Christian Bale; muitos filmes amenos, mas nenhuma actuação indiferente), Jonathan Mostow.

E um raio que me atingiu no processo de escrever banalidades: numerologia.
1969 - é evidente, mesmo ao olhar-se de esguelha, que este é um ano de colheitas especiais para a saúde do cinema norte-americano. Houve qualquer coisa nos astros, ou a combinação dos números, que nos deu 4 essenciais realizadores (da nova cinematografia n.-a.): os referidos Spike Jonze e Wes Anderson, e ainda James Gray e Darren Aronofsky! (ambos buscando um pouco do clássico em seus derradeiros exercícios, de estilo) uff., nem eu esperava tanta intensidade. E não nos esqueçamos do (para se pôr ao lado do C. Bale, este infelizmente nascido em 1974 no Reino Unido - mas em entrevistas quando fala com o seu sotaque, maravilha) Edward Norton, também de 1969. Todos homens, mulheres também as haverá (mas [perpetuando preconceitos] mais no plano do sensível, emocionais: Julie Delpy, Cate Blanchet, Zeta-Jones ou Zellweger - escolher uma das duas) abarco só a superfície, o conteúdo (ou núcleo) ficará sempre para os outros (porque quando lá chego, sem nunca chegar, já estou noutro assunto).

17.10.09

17 de Outubro

[...] Resolvo mandar queimar os papéis, ainda que dê grande mágoa ao José, que imaginou haver achado recordações grandes e saudades. Poderia dizer-lhe que a gente traz na cabeça outros papéis velhos que não ardem nunca nem se perdem por malas antigas; não me entenderia.

(Memorial de Aires, 1908, Machado de Assis)

16.10.09

where the wild things are



Novo filme de Spike Jonze [entrevista na Vanity Fair]. Estreia prevista a 21 de Janeiro, em Portugal.

o meu lado Joan Didion

O Proust Questionnaire da revista Vanity Fair (através do Bibliotecário de Babel). Falando de afinidades, o questionário deu-me como semi-alter-ego Joan Didion, com ela partilho 92,7% de algo (será feeling?, ou são as crianças, Kafka e a solidão no amor?, ou as leituras dela que fiz nos últimos 6 meses, ou talvez seja o ADN); em segundo lugar o Hugh Hefner com 75% - não poderia haver duas pessoas mais estranhas entre si, são 17 e qualquer coisa graus de separação; no entanto, confesso que ambas coabitam, não sem conflito, em mim (na proporção indicada).

Fica um apontar para o maravilhoso The White Album (1979), livro de Joan Didion. Raramente a escrita jornalística ou de crónicas, sempre pessoal, foi tão inspiradora - e a prosa, a prosa!, belíssima.

E sobre a importância do acaso (e dos astros) - começarei a ler, hoje mesmo, Play as it lays (1970). California, California, Oh, California... lá-lá, lá!

dupla melancolia


Para a Joana, que um dia me perdoe e que (utopico e nostalgicamente) possamos passar tardes inteiras a ouvir vinis indie dos anos 90 - construir um passado de afectos mútuos que não existiu.



11.10.09

Truffaut fazendo "trinta por uma linha" (les 400 coups)

Todos os filmes de Truffaut contêm um ou mais momentos (diferentes consoante a sensibilidade do espectador) que deixam uma recordação precisa, marcante, inapagável, mesmo ao fim de vinte ou vinte e cinco anos (...).
Essa presença do clímax é, hoje em dia, uma característica cada vez mais rara (exceptuando nos cómicos, e Truffaut provoca o riso). É difícil encontrá-la em Duras, Rocha, Rivette, Jancso, Fassbinder, Oliveira, Straub [e Huillet], Bertolucci, Satyajit Ray. Nestes, é uma impressão geral que sobressai, o todo e não a parte. Mais uma característica que une Truffaut aos antigos e o afasta dos modernos. Hoje em dia os filmes dos quais nos lembramos de uma sequência, são obras falhadas ou de fraca envergadura. Os filmes interessantes tendem a ser de difícil apreensão, deslizam - sob o esforço de análse - como enguia na mão.

Pode ser uma frase de diálogo ou uma curta sucessão de palavras, a criança que invoca a morte imaginária da sua mãe para justificar um atraso nas aulas (LES QUATRE CENTS COUPS).

"A balança e a ligação", de Luc Moullet (Cahiers du Cinéma, nº 83, Julho-Agosto de 1988)


Les 400 Coups (1959, François Truffaut) - passou dia 10 Out. (15h30) na Cinemateca

(...ou) O momento mais marcante de todo o filme é a sequência final, o longo travelling (ainda não sabemos) em direcção ao mar (e a ele perpendicular). Vemos o areal, Doinel (Jean-Pierre Léaud) corre até ao Atlântico (vislumbra-o e sente-o pela primeira vez - o mar, o mar, o mar), molha os pés, volta-se e encara a câmara, enfrenta-nos (espectadores, passivos) com um olhar ferido. São esses derradeiros planos, os essenciais de todo o filme, o encontro primeiro com o mar: o olhar duro (e acossado) que Antoine D. nos deita, o "FIN" que se imprime sobre e no seu rosto, sintomático da sua situação, o final da já de si debilitada infância (que não voltará?).


tomar um copo

Quando J. chegou eu disse gracejando (num esgar semi-machista), nunca esperei tanto por um homem.
Somos mais do que um, como podes ver. Os outros aproximaram-se.
Pensei compreender, mas tive a certeza que tudo estava por explicar. O que dizer daqueles ombros largos, cabelos curtos ou rapados, pedaços de suásticas insinuando-se por debaixo das t-shirts.
Olharam-me de alto a baixo, a mochila às costas, os chinelos pretos.
Cerveja (que bebo sem saber porquê).
No final da noite, um disse, és estranho mas porreiro.
Outro considerava votar no PNR, ri-me e com o peso do seu olhar calei-me; nunca saberei se estava a ser irónico: é difícil destrinçar as nuances naquelas faces inexpressivas (moldadas pelo álcool, ódios, jogos de futebol e agressividade).
Bazei, disse adeus ao amigo (agora desconhecido?), os ex-neonazis semi-reabilitados (já não somos putos como dantes, disseram) observaram-me à medida que desaparecia na rua mal iluminada e fiquei a pensar na porra da noite. Merda!, foda-se, repeti compassadamente. Os nossos amigos têm direito a ter os amigos que têm, de ter um passado de onde fogem, sem conseguir apagá-lo, e onde voltam (desgraçada nostalgia), culposos, em momentos de ébria irracionalidade.
Não se esquecer de onde se vem já é um princípio. O que pensar de J.? Ainda não li o seu longo ensaio, falta-me rever Mulholand Dr.

[nota: e porque também... "diário das amizades" de Pedro Lomba]

8.10.09

"A prova"

(...) Era um começo, mas também era o fim. Porque Mao saltava da caixa número um para o chão, terminada a tarefa, e corria para a saída, e Lenine estava com ela, e as duas juntas atiravam-se sobre o vidro do ângulo que dava para a rua... com a força impune do amor... O vidro rebentou e o buraco levou-as... duas figuras escuras sem limites, atraídas pela imensidão do exterior... e no preciso momento em que saíam, uma terceira sombra se lhes juntou... três astros fugindo na grande roda da noite... as três marias que todas as crianças do hemisfério sul olham enfeitiçadas, sem compreender... e perderam-se nas ruas de Flores.


Excerto de "A prova" (trad. José Agostinho Baptista), do escritor argentino César Aira (n. 1949)

knife


http://pitchfork.com/tv/#/musicvideo/896-grizzly-bear-knife-warp

Música do penúltimo álbum dos Grizzly Bear (Yellow House, 2006), uma das bandas pop mais interessantes da actualidade. O último disco, Veckatimest, é um dos melhores de 2009.

contaminações (District 9)


Em District 9 (2009, filme de Neil Blomkamp) há um diálogo com a história recente da cidade que o acolhe, Joanesburgo. Com a chegada dos extra-terrestres, o fantasma do Apertheid é reactivado e torna-se regra. Muros são erguidos (ghetto) para isolar os «não-humanos», são desprezados e odiados pela população nativa de Joanesburgo. Filme de ficção científica onde os temas e citações sucedem-se: a metamorfose (por contaminação – Spider-Man ou a Mosca) do protagonista, Wikus (lembramos os sofrimentos de Gregory Samsa, só, na sua tragédia familiar); alienígenas como metáfora dos imensos refugiados de guerra em África (Darfur?), fechados em campos, sem sítio para onde ir (a nave suspensa sobre a cidade não funciona); e o tema das poderosas corporações de questionáveis e desumanas intenções, a MNU (que emprega mercenários, como os que trabalharam no Iraque...).

Apesar de todas essas premissas o filme não chega a adensar-se como gostaríamos. As entrevistas são algo penosas e dificilmente acrescentam algo à acção; a metamorfose de Wilkus não é explorada até ao fim (fica suspensa), talvez não tenha havido coragem para ir mais longe, de por exemplo mostrar o processo todo de mutação e integração na cultura e comunidade alienígena. Ficam as interessantes hipóteses levantadas, as gráficas cenas de guerra (saidas dos videojogos), e principalmente as contaminações: metamorfose, Apertheid, grafismo dos videojogos (dos FPS [first person shooting], patente no tratamento da imagem e ritmo da contextualização inicial: a chegada dos extra-terrestres 20 anos antes; e nas intensas batalhas de toda a parte final do filme), refugiados de guerra... De facto, em alguns momentos, temos a ideia de que estamos perante a virtualidade do videojogo (pela sua "atracção"/ espectacularidade e narrativa poder-se-ia dizer, aberta, bem como os aspectos anteriormente referidos) e não um filme de ficção. Para onde caminhamos, uma fusão de meios, como a fusão do humano metamorfoseado com o robô (transformer?) de guerra?

7.10.09

das vantagens do catolicismo



Marie-Christine Barrault e Jean-Louis Trintignant em Ma muit chez maud (1969, Rohmer)

6.10.09

last hero alive


















o que é um herói?













[fotograma do algo sofrível filme de Herzog, Rescue Dawn (2006)]

westerns

Já não vivemos numa época de cowboys ou de heróis. Artificialismos, nenhuma autenticidade. Já lá vão os tempos de crueldade. Esta realidade é ainda mais cruel.

Cinema contaminando Lisboa (DocLx, FRcinéma, Cinemateca)


(Para minha aflição) aproximam-se dois festivais de cinema.

DocLisboa, a partir do dia 15. Destaque imediato para a homenagem a Jonas Mekas (os seu documentários são todos para ver), e o último filme (La Danse - alguma batota, invertendo a ordem natural de recepção, um video de Wiseman a falar sobre o filme; é sempre enriquecedor ouvi-lo) do maior documentarista vivo, Frederick Wiseman, que o ano passado podemos ouvir (diversas vezes) e visionar no DocLisboa. Ainda dois filmes turcos na competição internacional (imoral tapegamento meu - descubra-os). Este blogue muito dificilmente terá oportunidade de deixar impressões sobre o DocLisboa, mas por lá andará, nos intervalos do dia-a-dia (boas razões para faltar a compromissos).
Nota: como falamos de documentários, por coincidência (ou não), a Cinemateca exibe, dia 16 (às 22h), o grande doc. A China (de 1972), de Antonioni.

A Festa do Cinema Francês, já esta semana (prolongando-se até Novembro - com sessões na cinemateca), com, os mais óbvios, o novo filme de Agnés Jaoui, o novo Pedro Costa (Ne Change Rien, documentário que este blogue espreitou na reprise da Quinzena dos Realizadores, Forum des Images - espaço futurista e com excelentes condições para a exploração e conhecimento do cinema - e recomenda), homenagem a Agnes Varda e retrospectiva de Jeanne Balibar (ambas na Cinemateca) - com ela o sublime Jacques Rivette, de 2007, Ne Touchez pas la hache [adaptação de Balzac], com interpretações extraordinárias de Balibar e do tragicamnete falecido Guillaume Depardieu - como trágicos são os destinos de ambas as personagens (filme que já circulou pela blogosfera, deixando duas devotas impressões, aqui, da Cristina [blogue Dias Felizes] e aqui, do F. Frazão [Fábrica Sombria]).


... E por último, na Cinemateca (eterno retorno) a retrospectiva integral a John Huston, este mês com a sua última e interessantíssima fase (Fat City, Phobia, Wise Blood, bem como a anterior adaptação da novela de Carson McCullers, sulista, Reflexions in a Golden Eye).
Aos sábados, obras-primas lançadas ao público de forma criminosa (mais do que se pode suportar) por António Rodrigues (programador do ciclo "História Permanente do Cinema)":
The Wind (1928, Sjostrom, que tem passado com frequência); Le Genou de Claire (1970, Rohmer - a filosofia do amor, um dos seis contos morais: explosão erótica naquele afagar do joelho adolescente inconsolável); Trouble in Paradise (1931, Lubitsch, um dos meus mestres, lá em cima, profanando o paraíso juntamente com Buñuel); Le Roman d'un Tricheur (1936, para se ver os malabarismos de Guitry); Renoir, Visconti, Cassavettes... por favor arranje a programação (é um desdobrável muito simpático).
Outro ciclo "Filmes de João Bénard" (repegando em muitos filmes do comovente "como o cinema era belo", programado há três[?] anos por Bénard na Gulbenkian), continua: How green was my valley (de John Ford); Mizoguchi; Dreyer.
Muitos outros pontos de interesse haverá (ver o blogue do André Dias), já me alonguei em demasia. Refiro por último um exercício de comtemplação e 'purificação' na companhia do casal Straub e Huillet,
L'itinéraire de Jean Bricard (dia 15 Out às 21:30 - cinemateca).

5.10.09

Serge no seu mundo



Philippe Quesne / Vivarium Studio / L'Effet de Serge

O acontecimento cultural da semana. Philippe Quesne (pela mão do programador Francisco Frazão - nota 5) na Culturgest com duas peças, L'Effet de Serge (dias 5 e 6 Out.) e La Mélancolie des dragons (8 a 10).

L'Effet de Serge inicia-se com um astronauta a entrar em cena, explicando-nos o cenário. Astronauta em transição do anterior espectáculo para o que vamos presenciar (Serge). A simplicidade desarmante (quase infantil), deslumbramento, gargalhadas súbitas (em nós espectadores). Serge, protagonista algo autista, convida, ao domingo, alguns dos seus amigos para assistirem às suas performances de 1 a 3 minutos (sempre ligadas a faixas sonoras). É uma peça sobre teatro, com 4 momentos duma espécie de teatro no teatro incorporados na acção principal e que a fazem avançar: a visita dos amigos, que se tornam espectadores (de pequenas coreografias poéticas) dentro de cena - eles acabam sendo, à semelhança do protagonista no debut, astronautas aterrando indefesos em cena, na sala a-real de Serge. Única nota negativa (mas compreensiva) para a opção de traduzir ao vivo (para português), de forma sonora, as palavras 'vazias' (como se fosse um "modelo" de Robert Bresson) de Serge (ambientando-nos ao espaço), por ser desnecessário, por nos negar, por momentos a ilusão.

Ficamos, entusiasmados, à espera da segunda peça de Quesne, La Mélancolie des dragons - este fim de semana no mesmo sítio (à mesma hora).

Para quem não poder ir (amanhã) a Serge fica um pequeno video sobre a peça (e entrevista ao encenador, Quesne):




1.10.09

Texier



Esta noite o quinteto Strada de Henri Texier maravilhou(-me) (n)o auditório da Culturgest. Até ao momento (e juntamente com o Evan Parker/ Peter Evans, na Casa da Música) o concerto da reentré.

E já agora um momento Peter Evans (como os muitos que protagonizou na Casa da Música), destilando música essencial do seu trompete.
@ ventura bravo [venturabravo@gmail.com]


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