Belíssimo filme de John Huston (1984), adaptação de Under the Volcano (1947), de Malcolm Lowry (recensão crítica [link] do livro por Raquel Costa).
O curioso histórico das intenções de adaptação do célebre romance de Lowry (decerto sintomático da natureza da obra) ao cinema:
Esta 'odisseia' só poderá despertar interesse tanto pela presente "versão" de Huston como pelo livro. E é justamente Huston, que não era nenhum novato nestas andanças literárias, pois conseguira adaptar Moby Dick (1956 [Melville, 1851]), e de forma fantástica (em múltiplos sentidos) The man who would be king (1975), conto de Kipling (1888), entre outros.O primeiro projecto de argumento teria partido do próprio Lowry (...). Mais tarde foi a vez de um actor, Zachary Scott, de se entusiasmar com a personagem do cônsul Firmin, a ponto de comprar os direitos para a sua adaptação. Estava-se em 1962, mas a morte de Scott em 1965 impediu a sua concretização. os direitos foram então vendidos aos irmãos Hakim que pensaram em Luis Buñuel para dirigir o filme. "Como se pode filmar o que se passa no cérebro de um homem?" era a pergunta que Buñuel colocava quando o interrogaram sobre esse projecto que não concretizaria. De Buñuel passaria para Losey, Ken Russell e Skolimowski que também andaram envolvidos nessas tentativas de adaptação, a que se junram, para o argumento, nomes como Gabriel Garcia marquez e Carlos Fuentes, num totald e cerca de meia centena de projectos abortados. Finalmente os direitos foram comprados por Wieland Schulz-Keil que acabou por entregar a direcção a John Huston, com um argumento que o realizador reveria acompanhado pelo seu autor creditado, o jovem (28 anos) Guy Gallo, autor duma tese universitária sobre Lowry.
(Manuel Cintra Ferreira, in Folhas da Cinemateca, Under the Volcano [1984])
Passou dia 26 (21:30) na Cinemateca. Volta a passar 5ª feira, dia 29, às 19:30. É imperdível, com desempenho extraordinário dos actores (Albert Finney e Jacqueline Bisset [fotograma] maravilhosa, evocativa...), e que deixa uma marca pelo seu desfiar-se e final abrupto: e desse final (trágico) não acreditamos bem, parece uma fantasia, não queremos acreditar: pensava-se que o filme duraria ainda uma hora mais, ficamos em suspenso (com vontade de descobrir o livro - as origens?, as imensas divergências que se presentem entre o cinema e a literatura).