Todos os filmes de Truffaut contêm um ou mais momentos (diferentes consoante a sensibilidade do espectador) que deixam uma recordação precisa, marcante, inapagável, mesmo ao fim de vinte ou vinte e cinco anos (...).
Essa presença do clímax é, hoje em dia, uma característica cada vez mais rara (exceptuando nos cómicos, e Truffaut provoca o riso). É difícil encontrá-la em Duras, Rocha, Rivette, Jancso, Fassbinder, Oliveira, Straub [e Huillet], Bertolucci, Satyajit Ray. Nestes, é uma impressão geral que sobressai, o todo e não a parte. Mais uma característica que une Truffaut aos antigos e o afasta dos modernos. Hoje em dia os filmes dos quais nos lembramos de uma sequência, são obras falhadas ou de fraca envergadura. Os filmes interessantes tendem a ser de difícil apreensão, deslizam - sob o esforço de análse - como enguia na mão.
Pode ser uma frase de diálogo ou uma curta sucessão de palavras, a criança que invoca a morte imaginária da sua mãe para justificar um atraso nas aulas (LES QUATRE CENTS COUPS).
Essa presença do clímax é, hoje em dia, uma característica cada vez mais rara (exceptuando nos cómicos, e Truffaut provoca o riso). É difícil encontrá-la em Duras, Rocha, Rivette, Jancso, Fassbinder, Oliveira, Straub [e Huillet], Bertolucci, Satyajit Ray. Nestes, é uma impressão geral que sobressai, o todo e não a parte. Mais uma característica que une Truffaut aos antigos e o afasta dos modernos. Hoje em dia os filmes dos quais nos lembramos de uma sequência, são obras falhadas ou de fraca envergadura. Os filmes interessantes tendem a ser de difícil apreensão, deslizam - sob o esforço de análse - como enguia na mão.
Pode ser uma frase de diálogo ou uma curta sucessão de palavras, a criança que invoca a morte imaginária da sua mãe para justificar um atraso nas aulas (LES QUATRE CENTS COUPS).
"A balança e a ligação", de Luc Moullet (Cahiers du Cinéma, nº 83, Julho-Agosto de 1988)
(...ou) O momento mais marcante de todo o filme é a sequência final, o longo travelling (ainda não sabemos) em direcção ao mar (e a ele perpendicular). Vemos o areal, Doinel (Jean-Pierre Léaud) corre até ao Atlântico (vislumbra-o e sente-o pela primeira vez - o mar, o mar, o mar), molha os pés, volta-se e encara a câmara, enfrenta-nos (espectadores, passivos) com um olhar ferido. São esses derradeiros planos, os essenciais de todo o filme, o encontro primeiro com o mar: o olhar duro (e acossado) que Antoine D. nos deita, o "FIN" que se imprime sobre e no seu rosto, sintomático da sua situação, o final da já de si debilitada infância (que não voltará?).
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