(...) Era um começo, mas também era o fim. Porque Mao saltava da caixa número um para o chão, terminada a tarefa, e corria para a saída, e Lenine estava com ela, e as duas juntas atiravam-se sobre o vidro do ângulo que dava para a rua... com a força impune do amor... O vidro rebentou e o buraco levou-as... duas figuras escuras sem limites, atraídas pela imensidão do exterior... e no preciso momento em que saíam, uma terceira sombra se lhes juntou... três astros fugindo na grande roda da noite... as três marias que todas as crianças do hemisfério sul olham enfeitiçadas, sem compreender... e perderam-se nas ruas de Flores.
Excerto de "A prova" (trad. José Agostinho Baptista), do escritor argentino César Aira (n. 1949)
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