notas culturais, fragmentos do exílio - venturabravo [at] gmail [dot] com

27.12.11

it's hard to be a cute man

um verão




[Memória inexacta de uma carta fantasiosa de método impressionista entretanto diluído, enviada de longe para lejos a uma rapariga com que fiquei com uma dívida moral:]

Do sítio donde me encontro as gaivotas aproximam-se e afastam-se em espirais, dançando entre si, transversalmente. Com movimentos elípticos, os garajaus completam o circo fazendo razias a tudo o que mexe ou imóvel permanece: água, esporão, banhistas, barcos, gaivotas—
Daqui, sentado no pontão, observo o rapaz que ao longe no areal pensa numa carta mirando em minha direcção. O mar revolto, a neblina, um papagaio ao vento; o sol disperso insiste mas não consegue vingar. No fim de contas já não é verão e anunciam uma tempestade para logo à noite.
Porém, as gaivotas permanecem por isso desconfio; elas sabem melhor da meteorologia.


(com carinho, para o josé, que invariavelmente acaba negligenciado na distribuição dos afectos -- que é o que dá dar-se com loucos)

14.12.11

tempestades

I. I
A tempestuous noise of thunder and lightning heard:
enter a Ship-master, and a Boatswain.







Le Tempestaire
(1947, Jean Espstein)

Storm, Belle-Isle Coast [I e II] (1886, Claude Monet)

V. I
Enter Prospero (in his magic robes) and Ariel.



sumidouro de I Know Where I'm Going! (1945, Powell e Pressburger),
resultado de intempestividades de natureza diversa


[...]
PROSPERO: I'll deliver all,
And promise you calm seas, auspicious gales,
And sail, so expeditious, that shall catch
Your royal fleet far off: my Ariel; chick
That is thy charge: then to the elements
Be free, and fare thou well: please you draw near.

[texto: The Tempest, 1611, William Shakespeare, edited by G.B. Harrison, Middlesex: Penguin Books, 1955]

13.12.11

a virtualização do (ser-)corpo pelo olhar


Yuke Yuke nidome no shojo (Go, go second time virgin, 1969, Kôji Wakamatsu)


Egon Schiele, Man bending down deeply


"O investimento não é tão privilegiado nas mulheres como nos homens. Mais do que qualquer outro sentido, a visão objectiva e controla. Fixa-se à distância e mantém essa distância. Na nossa cultura a predominância da visão sobre o olfacto, o paladar, o tacto e a audição tem levado a um progresso das relações corporais. A partir do momento em que o olhar domina, o corpo perde a sua materialidade."

Luce Irigaray (1978), Entrevista em M.-F. Hans e G. Lapouge (eds.), Les Femmes, la pornographie et l'erotisme, Paris: Seuil, p. 50

12.12.11

o fantasma da criação


Diane Arbus, "A House on a Hill", Hollywood, California, 1963


"A máquina fotográfica, com o seu poder de captar a luz e convertê-la em substância, sempre lhe pareceu um dispositivo mais metafísico do que mecânico. O seu primeiro trabalho a sério foi técnico de câmara escura; o seu maior prazer era sempre o trabalho na câmara escura. à medida que a imagem fantasma emergia sob a superfície do líquido, à medida que os veios da escuridão no papel começavam a unir-se e a tornar-se visíveis, ele experimentava por vezes um pequeno arrepio de êxtase, como se estivesse presente no dia da criação."

J.M. Coetzee, (O) Homem Lento [2005], trad. J. Teixeira de Aguilar, Lisboa: Dom Quixote, 2008, p. 77

11.12.11

"El fútbol es uno de los mayores crímenes de Inglaterra".

Jorge Luis Borges

18.10.11

how 'talkies' became real

"8 de Dezembro

Nora, minha querida e amável putéfia, fiz como disseste, menina porca, e enquanto li a tua carta bati duas pívias. Estou encantado por ver que gostas de ser fodida pela via traseiral [confrontar com as 2 vias de Parménides]. Sim, lembra-me agora aquela noite em que te fodi por detrás durante muito tempo. Adorada, foi a foda mais indecente que alguma vez te dei. Estive horas com a piça espetada em ti, a foder para fora e para dentro, abaixo do teu rabo voltado ao contrário. Sentia as tuas gordas ancas suadas debaixo da barriga e via-te o rosto em fogo, e os olhos enlouquecidos. Sempre que eu dava uma bombada a tua desavergonhada língua brotava entre os lábios; e o teu traseiro, se a bombada era mais forte que as outras, cuspia grandes peidos sujos. Adorada, nessa noite tinhas o cu cheio de peidos e a foder fi-los sair de ti, uns senhores peidos fartos, compridos e ventosos, pequenos traques vivos e alegres, e uma porção de pequenos peidos perversos que terminavam num grande fluxo saído do olho do cu, É maravilhoso foder uma mulher que se peida, que põe cá fora um a cada bombada. Julgo que em qualquer lado saberia reconhecer um peido da Nora. Julgo que poderia identificá-lo num quarto cheio de mulheres a peidarem-se. É um ruído muito de menina, diferente do peido húmido que eu imagino ligado a gordas senhoras casadas. É inesperado, e seco, e sujo como aquele que uma descarada rapariga larga de noite, por piada, no dormitório de um colégio. Espero que a Nora me dê um nunca acabar de peidos no rosto, para eu também ficar a conhecer-lhes bem o cheiro."

James Joyce, Querida Nora! (cartas de 1909), trad. Carlos Valente, Lisboa: Hiena Editora, 1994



[aqui, o acompanhamento — reflectir sobre a desinência do quarteto; e é fantástica toda a "música" que não a dos instrumentos que tocam, os ruídos circundantes, a sinfonia dos espectadores: vida]

25.8.11

A não ser que te tornes invisível, é mais que certo que serás observado. Que adianta deixares-te perturbar por isso? O mais importante é instalares-te na melhor posição para desenhar o que queres desenhar. Ouve, posso dizer-te repetidas vezes que tornes este esboço mais claro, aquele mais escuro, mas uma descoberta que tu próprio faças vale vinte mil coisas que te forem ensinadas, mesmo que seja uma descoberta que toda a gente fez. Mas, tendo dito isto, uma escola é o melhor lugar para dissecares os teus desenhos, para ultrapassares a monotonia da técnica, como um pianista que pratica perpetuamente as escalas. Não podes simplesmente ir e despachar o assunto?

Esther Freud, A Casa do Mar [2003] (trad. Isabel Alves, Lisboa: Edições ASA, 2010, p. 106)

30.7.11

auto-comprazimento

hoje marquei 34 pontos

último jogo
nem um triplo

(a autobiografia tem sempre narcisismo em doses mais ou menos controladas)

30.6.11

humanidad




"EMPERADOR.—(Parturienta; respira mal.) ¡No puedo más, doctor; anestésieme... drógueme!
EMPERADOR.—(Doctor.) ¿Te crees un beat-nick? ¿Thomas de Quincey? ¡Drogarte!... Un esfuerzo y en seguida.

(Chillido feroz.)

EMPERADOR.—(Doctor.) ¡Aquí está, entero!... ¡Buen espécimen de los terráqueos! ¡Otro nuevo elemento de la raza... aquí está! A usted ya no le podrán decir que no ha colaborado a los valores de nuestra civilización. ¡Uno más!
EMPERADOR.—(Madre.) ¿Es niño o niña?
EMPERADOR.—(Doctor.) ¿Que quiere que sea? Niña... Ahora son todas niñas. ¡Ya no nacerán nada más que niñas! Una humanidad entera de lesbianas. Se acabarán las guerras, las religiones, el proselitismo, los accidentes de coches. ¡Una humanidad feliz! El mejor de los mundo. El único gasto que habrá será en consoladores."

Fernando Arrabal, El Arquitecto y el Emperador de Asiria (1967)

27.6.11

drifting








Allie
(Chris Parker):
"Some people, you know, they — they can distract themselves with ambitions and motivation to work, you know, but not me... They think people like myself are crazy, you know. Everyone does because of the way I live, you know. "

Permanent Vacation (1980, Jim Jarmusch)

7.6.11



Se um poeta ou escritor já é ridículo e onde quer que seja já é difícil de suportar para a sociedade humana, quanto mais ridícula e impudente não é toda uma horda de escritores e poetas e daqueles que como tal se consideram, juntos num montão! [...] O falatório de escritores nos átrios dos hotéis da pequena Alemanha é de facto o que de mais repugnante se pode imaginar. Mas o mau cheiro é ainda muito mais fedorento quando é subvencionado pelo Estado. Como em geral é hoje tão nojento o ar infecto das subvenções que só dá vontade de vomitar!

Thomas Bernhard, Os Meus Prémios, 2009, Quetzal Ed., tradução de José A. Palma Caetano, p. 140

14.5.11



"Você faz uma coisa que não sabe o que é — faz o que não tem, porque falta. Faz essa coisa para descobrir. Agora o quê, o que é, pode nunca vir a saber.
[...]
Nos dias de hoje a mercadoria virou alma."

Júlio Bressane
(2011-05-11, conversa na Cinemateca, depois da projecção de A Agonia [1976], de Bressane)

12.5.11

planear o dia seguinte

"Where you hate and envy most, that is where the clues are to what you should do next."

Alain de Botton

os animais (por Paul Nicklen)

7.4.11

a humanidade do sub-homem


Heiner Muller

"HITLER — Minhas senhoras. Agradeço a todas o trabalho que efectuaram na fidelidade, que seria a vida sem a fidelidade da mulher, sem falar da morte, ao meu serviço pela Alemanha que naufraga comigo. Como ela merece, tenho de dizê-lo, traição e cobardia por todo o lado e em todas as frentes. (Tiros de canhão. Detonações.) Estão a ouvir o triunfo do sub-homem cuja dominação está a começar. O sub-homem revelou-se ser o mais forte. O homem pode morrer à vontade. Sou, como sabem, o super-homem. Fiz o que pude para exterminar a humanidade que afoga o planeta. Outros virão depois de mim e continuarão o meu trabalho. Vou abandonar este mundo, porque se tornou pequeno de mais para mim, na companhia de Eva, a menina Braun com quem me casei há uma hora, aqui está a certidão, assinada pelo senhor Richard Wagner, façam favor de verificar a sua assinatura, para que nem o céu nem o inferno nos possam separar, pois as suas mãos estão puras e as minhas mãos cheias de sangue como cheias de sangue estão as mãos de todos os grandes homens da história, Alexandre, César, Frederico o Grande, Napoleão (Em voz baixa.) Stáline. O sangue, nas dimensões da história, é um carburante melhor do que a gasolina, conduz à eternidade, e a fidelidade é a medula da honra. Vou voltar para junto do homem, eu sou filho dos mortos. Mandei fuzilar o meu astrólogo, o senhor Frederico Nietzsche, para que ele me precedesse no reino dos mortos, que é a única realidade e de que fui o governador da terra. Os meus netos compreender-me-ão. O meu programa viverá: contra o paleio mentiroso dos padres AMEM OS VOSSOS INIMIGOS o honesto mandamento do meu catecismo alemão ANIQUILEM-NOS SEMPRE QUE OS ENCONTRAREM. Contra o mentir a si próprio do comunismo TODOS OU NINGUÉM esta simples e popular verdade NÃO HÁ QUE CHEGUE PARA TODOS. Escolhi a Europa para minha fogueira. A sua chama libertar-me-á dos meus deveres de homem de Estado. Morro como pessoa privada. (Pausa.) Mas o fumo das cidades em chamas transportará a minha fama à volta da terra, e as cinzas dos crematórios que escurecem o céu serão o meu monumento levado pelo vento até às estrelas depois de mim. Porque eterna é a fama dos feitos do morto, como já diz Edda, o livro sagrado, a Bíblia do norte. Viva o pastor alemão. (Abate a cadela.)

AS SENHORAS — Heil Hitler.

(Hitler sai. Dois tiros. Dança das mulheres, em fundo a capital em chamas, sobre a música do CREPÚSCULO DOS DEUSES de Wagner.)"


Heiner Muller, Germânia 3, Os espectros do morto-homem, tradução de Eduarda Dionísio e Maria Adélia Silva Melo, Lisboa: Cotovia, 1997, pp.27-29

6.4.11

ethics

"As pessoas que me conheciam estavam mortas. As mulheres que comi não sabiam o meu nome nem o que eu fazia. A única que sabia era a Belinha, a grã-fina que gostava de bandido, mas eu a matei."

Rubem Fonseca, O Seminarista (2009), Lisboa: Sextante Editora, 2010, p.25.

5.4.11

"'Como foi?', ela perguntou, com a voz embargada pela emoção.
'Ele se afogou.'
'Mas o meu pai nada muito bem.'
'Foi jogado desmaiado em alto-mar.'
'Fala a verdade, por favor.'
'Deram um tiro na cabeça dele e jogaram no mar. Ele não deve ter sofrido.'
'E o corpo dele? Para lhe darmos uma sepultura digna...'
'O túmulo dele é o mar... Como se ele fosse um marinheiro...' Calei-me com o receio de dizer mais tolices."

Rubem Fonseca, O Seminarista (2009), Lisboa: Sextante Editora, 2010, p.78.

ser realmente

"E quando estamos a representar tornamo-nos naquilo que realmente somos."

Ana Teresa Pereira, Inverness, Lisboa: Relógio D'Água, 2010.

5.2.11

a palavra

"Quem é a minha mãe, quem são os meus irmãos, meus irmãos e minha mãe são aqueles que creram na minha palavra na mesma hora em que eu a proferi, meus irmãos e minha mãe são aqueles que em mim confiam quando vamos ao mar para do que lá pescam comerem com mais abundância do que comiam, minha mãe e meus irmãos são aqueles que não precisem esperar a hora da minha morte para se apiedarem da minha vida [...]."

José Saramago, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Lisboa: Editorial Caminho, 1998, p. 324

27.1.11

"Nem tu podes fazer-me todas as perguntas, nem eu posso dar-te todas as respostas."

Um dia, Jesus, numa ocasião em que ajudava o pai a juntar as partes duma porta, cobrou-se de ânimo e fez-lhe a pergunta, e ele, depois de um silêncio demorado, sem levantar os olhos, disse isto apenas, Meu filho, já conheces os teus deveres e obrigações, cumpre-os a todos e encontrarás justificação diante de Deus, mas cuida também de procurar na tua alma que deveres e obrigações haverá mais, que te tenham sido ensinados, Esse é o teu sonho, pai, Não, é só o motivo dele, ter um dia esquecido um dever, ou ainda pior, Pior, como, Não pensei, E o sonho, O sonho é o pensamento que não foi pensado quando devia, agora tenho-o comigo todas as noites, não posso esquecê-lo, E que era o que devias ter pensado, Nem tu podes fazer-me todas as perguntas, nem eu posso dar-te todas as respostas.

José Saramago, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Lisboa: Editorial Caminho, 1998, p.143

26.1.11

"A libertação e a quietude só se atingem quando se deixa de viver." [Doutor Hinkfuss]

Luigi Pirandello
, Esta noite improvisa-se [1930], tradução de Osório Mateus e Luís Miguel Sintra, Lisboa: Artistas Unidos/ Livros Cotovia, 2009, p.171
@ ventura bravo [venturabravo@gmail.com]


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