[Memória inexacta de uma carta fantasiosa de método impressionista entretanto diluído, enviada de longe para lejos a uma rapariga com que fiquei com uma dívida moral:]
Do sítio donde me encontro as gaivotas aproximam-se e afastam-se em espirais, dançando entre si, transversalmente. Com movimentos elípticos, os garajaus completam o circo fazendo razias a tudo o que mexe ou imóvel permanece: água, esporão, banhistas, barcos, gaivotas—
Daqui, sentado no pontão, observo o rapaz que ao longe no areal pensa numa carta mirando em minha direcção. O mar revolto, a neblina, um papagaio ao vento; o sol disperso insiste mas não consegue vingar. No fim de contas já não é verão e anunciam uma tempestade para logo à noite.
Porém, as gaivotas permanecem por isso desconfio; elas sabem melhor da meteorologia.
(com carinho, para o josé, que invariavelmente acaba negligenciado na distribuição dos afectos -- que é o que dá dar-se com loucos)
melhor ser louco que não ter arte. Não te pre-ocupes, ocupa-te.
ResponderEliminarjosé, o negligenciado