Quando J. chegou eu disse gracejando (num esgar semi-machista), nunca esperei tanto por um homem.
Somos mais do que um, como podes ver. Os outros aproximaram-se.
Pensei compreender, mas tive a certeza que tudo estava por explicar. O que dizer daqueles ombros largos, cabelos curtos ou rapados, pedaços de suásticas insinuando-se por debaixo das t-shirts.
Olharam-me de alto a baixo, a mochila às costas, os chinelos pretos.
Cerveja (que bebo sem saber porquê).
No final da noite, um disse, és estranho mas porreiro.
Outro considerava votar no PNR, ri-me e com o peso do seu olhar calei-me; nunca saberei se estava a ser irónico: é difícil destrinçar as nuances naquelas faces inexpressivas (moldadas pelo álcool, ódios, jogos de futebol e agressividade).
Bazei, disse adeus ao amigo (agora desconhecido?), os ex-neonazis semi-reabilitados (já não somos putos como dantes, disseram) observaram-me à medida que desaparecia na rua mal iluminada e fiquei a pensar na porra da noite. Merda!, foda-se, repeti compassadamente. Os nossos amigos têm direito a ter os amigos que têm, de ter um passado de onde fogem, sem conseguir apagá-lo, e onde voltam (desgraçada nostalgia), culposos, em momentos de ébria irracionalidade.
Não se esquecer de onde se vem já é um princípio. O que pensar de J.? Ainda não li o seu longo ensaio, falta-me rever Mulholand Dr.
[nota: e porque também... "diário das amizades" de Pedro Lomba]
Somos mais do que um, como podes ver. Os outros aproximaram-se.
Pensei compreender, mas tive a certeza que tudo estava por explicar. O que dizer daqueles ombros largos, cabelos curtos ou rapados, pedaços de suásticas insinuando-se por debaixo das t-shirts.
Olharam-me de alto a baixo, a mochila às costas, os chinelos pretos.
Cerveja (que bebo sem saber porquê).
No final da noite, um disse, és estranho mas porreiro.
Outro considerava votar no PNR, ri-me e com o peso do seu olhar calei-me; nunca saberei se estava a ser irónico: é difícil destrinçar as nuances naquelas faces inexpressivas (moldadas pelo álcool, ódios, jogos de futebol e agressividade).
Bazei, disse adeus ao amigo (agora desconhecido?), os ex-neonazis semi-reabilitados (já não somos putos como dantes, disseram) observaram-me à medida que desaparecia na rua mal iluminada e fiquei a pensar na porra da noite. Merda!, foda-se, repeti compassadamente. Os nossos amigos têm direito a ter os amigos que têm, de ter um passado de onde fogem, sem conseguir apagá-lo, e onde voltam (desgraçada nostalgia), culposos, em momentos de ébria irracionalidade.
Não se esquecer de onde se vem já é um princípio. O que pensar de J.? Ainda não li o seu longo ensaio, falta-me rever Mulholand Dr.
[nota: e porque também... "diário das amizades" de Pedro Lomba]
Sem comentários:
Enviar um comentário