não era este o vestido, mas outro, vermelho.
A 'chinesinha engraçada' —o exótico em sub-texto— ouvi chamar antes de seu aparecimento, ao entrar no palco, imensamente sensual, composta de vermelho intenso, esguia, moldada pelo longo vestido, saída talvez de 2046 (2004) de Wong Kar-Wai — sonhos proibidos e incorrectos. Ouviram-se murmúrios, a excitação na sala — o desejo de lhe arrancar o piano ou o vestido:
"Aos 23 anos de idade, a pianista chinesa Yuja Wang combina a espontaneidade e imaginação da sua juventude com a disciplina e a precisão próprias da maturidade artística" [do programa do concerto]. Portanto, o novo e o velho num(a) só - um espanto.
Altamente energética levou atrás de si [2010-05-07, 19h] a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Joana Carneiro, tocando o Concerto para Piano e Orquestra Nº2, em Sol maior, de Béla Bartók. Três vezes voltou ao palco, tocou uma peça aos saltos, e novamente voltou ao palco — o público, na sua maioria já passados os anos de potência, rejubilava. Da distância a que estava não lhe consegui ver a face, só os contornos ritmados.
Veio o intervalo, lá fora anoitecia, na Cinemateca preparava-se o projector para passar o belíssimo Ninguém Sabe (2004), de Hirokazu Kore-eda.
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