O meu pau enrijecido fica portentoso, modéstia à parte; mole, ele quase desaparece. Quem entendesse de pênis, como W. H. Auden, por exemplo, ao ver o meu, amolecido, saberia pelos vincos da pele, que, duro, ele aumentaria muito de comprimento e largura, e ficaria roxo, coberto de veias salientes. Mas nem todos têm olhos de poeta para ver. (O Caso Morel)
"Você mandou alguma coisa para a Bienal?"É pungente, humor seco, debochado, directo, cortante, transgressivo, de moral duvidosa (a melhor). As personagens são marcadas em algumas palavras.
"Mandei. Conexão."
"Conexão?"
"De esgotos. Vários tubos ligados, um intestino quadrado."
"Foi aceito?"
"Foi."
"Entra dentro de mim... quero que você faça tudo comigo!" Joana queria ser espancada, aviltada, sodomizada, queria ter o rosto lambuzado pelo sêmen. Fiz sua vontade.O livro foi lançado em plena ditatura miliatar e logo confiscado pelas autoridades.
Paul Morel (ou Morais, no B.I., porque Morel é artístico, e ele logo se envergonha desse maneirismo) é artista de vanguarda, eclético, protagonista deste romance (a par de Vilela). Joana (na auto-biografia de Morel) ou Heloísa Wiedecker (na realidade ficcional) é a perturbante (e memorável) jovem amante de Morel, por ele assassinada. O romance é Morel em sua cela da prisão fazendo flash-backs através da auto-biografia que vai escrevendo, intercalada com conversas com o ex-'policial' e escritor Vilela, que tenta entrar na vida de Morel, percorrendo itinerários da biografia e passado (duas coisas com algum grau de diferença). Em sua biografia vão desfilando as mulheres de Morel (e de Fonseca): Joana (jovem burguesa masoquista com pendor para a arte), Isménia (Aracy, "pintora naive"), Carmen (Lilian Marques, ex-prostituta), Elisa Gonçalves (Marta Cunha, "mulher rica e famosa") - duplas, escondidas em pseudónimo literário, a família de Paul Morel.
(Morel)
"Eu saio na frente. Vou buscar o chicote e te encontro no apartamento."Os 'exits' de joana me davam calafrios.
Exit Joana.
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